Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, foi quase que sabatinado por legisladores nesta semana por causa da Libra - o projeto de criptomoeda da empresa. A iniciativa chamou bastante atenção de reguladores e congressistas do mundo todo. Mas, o que é a Libra e como ela funciona?
Entre muitos outros assuntos abordados, Zuckerberg fez questão de se referir à Libra como um sistema de pagamento e não uma moeda.
Como explicado pelo Facebook no artigo técnico do projeto em junho, o objetivo da Libra é ser uma forma de transferir dinheiro instantaneamente, com menos taxas, para pessoas de qualquer lugar do mundo. Atualmente, uma transferência para o exterior (por meio do sistema interbancário SWIFT ou de serviços como o Western Union) pode levar dias. Além disso, esses processos normalmente são muito caros.
Com a Libra, um usuário do Facebook deverá se registrar para ter uma carteira digital da “Calibra” (subsidiária do Facebook) e poderá enviar unidades da Libra à carteira Calibra de outro usuário. Como essa transação não envolve bancos, a transferência acontecerá instantaneamente na blockchain do Facebook. Não existe a demora de esperar pelas transações de débito e crédito dos bancos.
Mas o que faz da Libra uma inovação em relação ao Bitcoin e outras criptomoedas é a parceria com um consórcio de empresas, como Lyft, Uber, Spotify e Vodafone para contribuir para o desenvolvimento e uso dessa blockchain.
Por exemplo, em vez de ter que converter a Libra em moeda local para chamar um Uber ou pagar a conta mensal da Vodafone, os usuários podem pagar diretamente com as unidades da Libra. Em tese, isso reduziria drasticamente os custos do câmbio de moedas.
No entanto, muitas empresas abandonaram o projeto, como Booking Holdings, Mercado Pago, PayPal, eBay, MasterCard, além da Visa e Stripe. David Marcus, o diretor da subsidiária do Facebook à frente do desenvolvimento da Libra, contou ao Yahoo Finanças que os membros não fundadores da Libra também poderão usar a moeda assim que o projeto for lançado.
Preocupações com a Libra
O êxodo de empresas é só mais um dos problemas que o projeto enfrenta.
Órgãos reguladores já manifestaram preocupação com a estabilidade financeira da iniciativa. O Facebook tem 2,7 bilhões de usuários, e se uma boa parte deles decidir usar carteiras Calibra como um banco de fato, existem preocupações de que essa blockchain se torne grande o suficiente para representar o que os especialistas chamam de risco “sistêmico” ao sistema financeiro. O presidente do Banco Central dos EUA, Jerome Powell, levou essa preocupação ao Congresso.
O Facebook tem conhecimento desse risco.
“Precisamos considerar a possibilidade de a Libra criar um risco sistêmico e buscar um modelo operacional que evite isso”, afirmou Marcus ao Yahoo Finanças.
A Libra também utiliza um modo de operação com “pseudônimos”, no qual as carteiras Calibra são atreladas a endereços não vinculados à identidade real do titular. Esse fato gera preocupações sobre como as autoridades poderão rastrear as movimentações financeiras caso a Libra seja usada para atividades ilícitas.
Além disso, existe a questão da privacidade. O Facebook foi multado em US$ 5 bilhões pela FTC (Comissão Federal de Comércio dos EUA) por problemas de privacidade no início deste ano. Embora a empresa insista que sua subsidiária, a Calibra, tratará do projeto em separado, os parlamentares foram incisivos com Zuckerberg para que ele garantisse a segurança dos usuários.
O lançamento da Libra está previsto para o primeiro semestre de 2020. Porém, Zuckerberg disse no Congresso ainda esta semana que o lançamento aguardará o sinal verde dos reguladores americanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário