domingo, 26 de abril de 2020

“O que é o projeto Libra 2.0?” em apenas cinco minutos



A segunda iteração do projeto Libra do Facebook foi anunciada. É a mesma iniciativa, mas com um reviravolta regulatória e amigável.
No site da Messari, você pode conferir (em inglês) o perfil completo sobre o projeto Libra, mas vamos à versão mais resumida sobre o projeto, desde 2017 até agora.

O que é Libra?

Libra é um sistema de pagamentos com stablecoins baseado em blockchain.
O sistema de pagamentos da Libra fornecerá suporte para stablecoins de moeda única e uma stablecoin multimoedas (≋LBR) que será um conjunto digital de algumas das stablecoins de moeda única disponíveis na rede Libra.
Todas as moedas Libra serão completamente lastreadas em dinheiro ou equivalentes a dinheiro, além de valores mobiliários governamentais de curto prazo apoiados por uma rede de bancos custodiantes distribuída geograficamente.
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A “stablecoin” Libra seria uma moeda de preço estável, lastreada em dinheiro ou valores mobiliários governamentais (Imagem: Facebook/Libra)

História

As origens da Libra datam de 2017, quando Morgan Beller, cocriador da Libra e chefe de estratégia da Calibra, se tornou a primeira pessoa envolvida na iniciativa secreta de blockchain do Facebook.
Meses depois, o CEO Mark Zuckerberg expressou sua intenção de “se aprofundar mais e estudar os aspectos positivos e negativos” dos criptoativos em sua publicação de resoluções de ano-novo.
No dia 8 de maio de 2018, David Marcus, vice-presidente do Facebook, anunciou que iria migrar do departamento do aplicativo Messenger para a iniciativa de blockchain do Facebook, acelerando o ritmo da iniciativa. Em fevereiro de 2019, havia mais de 50 engenheiros de software trabalhando no projeto.
Em maio de 2019, foi confirmado que o Facebook planejava lançar uma stablecoin lastreada por diversas moedas como parte de uma rede de pagamentos, criada para permitir que bilhões de usuários realizem compras on-line e transfiram dinheiro entre si.
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Com a rede Libra, bilhões de usuários poderiam realizar compras on-line e transferir dinheiro entre si (Imagem: Facebook/Libra Association)

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No dia 18 de junho de 2019, Facebook finalmente apresentou Libra: seu sistema permissionado de pagamentos baseado em blockchain.
Seu token, Libra, seria uma stablecoin completamente lastreada por uma cesta de moedas fiduciárias e valores mobiliários governamentais, retida na “Libra Reserve”.
A empresa também anunciou que iria desenvolver uma carteira digital para o projeto com sua nova subsidiária chamada Calibra, liderada pelos cocriadores da Libra Morgan Beller, David Marcus e Kevin Weil.
O blockchain Libra e a Libra Reserve seriam comandadas pela Associação Libra: uma organização suíça com membros responsáveis pela governança da rede Libra e pelo desenvolvimento do projeto Libra.
Os 27 membros planejavam investir US$ 10 milhões cada para receber os tokens de investimento Libra e se tornarem validadores da rede.
Apesar de sua natureza permissionada no lançamento, a associação desejava iniciar a transição para governança e consenso apermissionados em um período de cinco anos.
Na época, legisladores duvidaram da ideia de que a Libra deveria ajudar os pobres e desbancarizados, e criticaram as falhas de segurança anteriores do Facebook (Imagem: Pixabay)

Obstáculos regulatórios 

Libra sofreu represálias de reguladores em todo o mundo, que compartilharam preocupações sobre privacidade e o possível desafio para soberania monetária de diversas nações.
Como consequência, um mês após o anúncio do projeto, Facebook certificou que Libra não seria lançada até que todas as questões regulatórias fossem solucionadas.
Executivos do Facebook participaram de diversas audiências e reuniões com o Congresso dos EUA e diversos governos em uma tentativa de aliviar as preocupações regulatórias.
Em setembro de 2019, foi noticiado que a cesta de reserva da Libra teria 50% de dólares estadunidenses, 18% de euros, 14% de iene japonês, 11% de libra esterlina e 7% de dólares cingapurianos.
Essa composição amigável aos EUA não foi suficiente para reprimir a ansiedade e as pressões regulatórias continuaram.
Em outubro de 2019, PayPal foi a primeira empresa a abandonar a Associação Libra, antes de outros grandes membros fundadores a acompanharem, incluindo Visa e Mastercard.
Em janeiro de 2020, foi noticiado que a Associação Libra estava considerando migrar para uma estrutura de stablecoins múltiplas, em que cada uma fosse lastreada por sua própria moeda individual.
Essa decisão seria bem diferente da abordagem inicial de uma única stablecoin lastreada por uma cesta composta de moedas fiduciárias.
Neste mês, o projeto revelou um novo documento que delineia os novos planos de stablecoins (Imagem: Crypto Times)

O plano reformulado da Libra

No dia 16 de abril de 2020, Libra anunciou seu plano reformulado. Confirmando os rumores, Libra migrou para uma estrutura de múltiplas stablecoins de moeda única, além de sua stablecoin multimoedas Libra.
Com o novo modelo, cada stablecoin de moeda única será lastreada por sua respectiva moeda fiduciária e seus respectivos valores mobiliários governamentais, ou seja, a stablecoin de dólar estadunidense (LibraUSD ou ≋USD) será lastreada por uma reserva de dólares e valores mobiliários dos EUA.
Por outro lado, a stablecoin Libra multimoedas será uma composição de algumas das stablecoins de moeda única disponíveis na rede Libra — bem diferente da proposta inicial de uma moeda única lastreada por uma cesta de diversas moedas fiduciárias e valores mobiliários governamentais em uma única reserva.
A nova proposta da moeda Libra parece menos como uma moeda e mais como os direitos especiais de saque (DES) do Fundo Monetário Internacional (FMI).
As moedas Libra representam um direito sobre stablecoins retidas em diversas reservas na rede. Esse foi um passo a menos em representar uma reivindicação direta de diversas moedas fiduciárias e diversos valores mobiliários governamentais na Libra Reserve.
De acordo com o novo whitepaper, essas mudanças foram feitas para dar atenção às principais preocupações de reguladores.
Em seguida, o plano reformulado inclui uma estrutura mais abrangente de cumprimento à lei, o abandono da transição para um sistema apermissionado e dos planos de fortalecimento do design da Libra Reserve.
Além disso, para o alívio dos reguladores, permitirá a integração facilitada de moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs) para substituir suas correspondentes stablecoins de moeda única.
De acordo com o chefe do Departamento de Política da Associação Libra, Dante Disparte, a rede Libra poderá ser lançada no fim de 2020.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Libra 2.0: Facebook Libera Planos Para Nova Criptomoeda

Conselho de Estabilidade Financeira Vê Riscos com Stablecoins

Facebook publicou uma nova versão da Libra, sua criptomoeda, como algumas mudanças bem interessantes. Mas será que isso é suficiente para agradar aos players?
Quando o Facebook finalmente mostrou ao mundo o projeto Libra no ano passado, todos ficaram em alerta. Esse é um projeto de uma companhia que aparentemente achava que não teria problemas legais criando uma criptomoeda.
Ledo engano. Libra causou um verdadeiro terremoto legislativo, e muitos governos ao redor do mundo foram contra essa decisão. Conferências e audiências foram realizadas, novas legislações foram planejadas e tudo isso foi feito simplesmente para trancar completamente a Libra.
Mas agora as coisas parecem que finalmente se acertaram e os governos conseguiram o que queriam da Libra. Na última semana, o Facebook revelou para o mundo a Libra 2.0, uma nove versão do projeto original com vários updates e melhorias diferentes.
De fato, parece que essa nova versão da Libra é uma versão lite do original, uma versão nova que foi criada para agradar os governos ao redor do mundo inteiro. Entretanto, alguns analistas ainda acreditam que, por mais que exista esforços para criar uma plataforma mais amigável, o Facebook ainda vai ter problemas lidando com legislações. Mas porque?

O Que as Mudanças na Libra São?

De acordo com a divulgação da nova criptomoeda, Facebook afirma que ela vai ter mais segurança em seu sistema de pagamento, com uma robusta cobertura de proteção diretamente no design da Libra Reserve.
Entretanto, talvez a coisa mais significativa na Libra 2.0 que ainda vem da primeira versão é que este é um movimento que descentraliza a ideia de um “token único”. Originalmente, o plano para Libra era que operasse com apenas uma moeda, o Libra Token, entretanto, agora o plano é lançar diversas moedas digitais.
Este plano é basicamente a ligação da Libra com as moedas fiat, em outras palavras, uma Libra para USD, uma para EUR, uma para BRL e assim adiante. Existem também, planos para construir outra moeda focada em facilitar transações internacionais em países que não tem uma Libra própria, ligada a moeda fiat.
Fazendo isso, a Libra parece que está seguindo os passos da Binance, que logo após o anúncio da Libra 1.0 anunciou a Vênus, sua própria criptomoeda de grande escala.

Venus e Libra: Um Futuro Diferente

Vênus, assim como a Libra 2.0, tem o plano de desenvolver diversas interações da moeda principal, cada uma baseada em uma moeda fiat. Esse projeto é fortalecido pela ideia de criar parcerias com os governos a fim de desenvolver essas moedas, tudo para desenvolver um projeto de ecossistema blockchain gigantesco.
No momento, He-Yi, cofundador da Binancer, parece estar indicado que a empresa está trabalhando para não ter problemas com legislações, como aconteceu com o Facebook na Libra 1.0.
Várias pessoas e analistas acreditam que a Libra 2.0 foi criada para tentar fazer reparos na imagem inicial da criptomoeda, querendo anular a ideia de uma moeda única que acabou criando tantos problemas.
A nova Libra estará ligada diretamente aos bancos centrais, com um valor que é controlado diretamente pelo governo de diversas formas. O problema é que uma moeda assim pode ser pouco satisfatória de diversas formas para os governos.
Claro, ligar a moeda a uma fiat é uma excelente ideia, mas a verdade é que por ser uma criptomoeda, ainda existem diversas questões que são incertas, e o setor legislativo simplesmente odeia coisas incertas.
Particularmente, isso afeta bastante os EUA, que já haviam protestado bastante na primeira versão da Libra. Mas com a 2.0, talvez o país acabe sendo um pouco mais receptivo.
Na verdade, o problema da Libra original foi a possibilidade de que com uma moeda única houvesse um grande risco para as moedas fiat. Se a Libra acabar sendo mais utilizada do que a moeda fiat de algum país, o problema vai ser gigantesco, já que não existe um policiamento nem uma forma de controle sobre as criptomoedas o que dá espaço para diversas ilicitudes.

terça-feira, 21 de abril de 2020

Facebook cria empregos para reforçar sua criptomoeda Libra

criptomoeda Libra

Enquanto as ambições da criptomoeda Libra do Facebook estão sob escrutínio de reguladores, a empresa continua desenvolvendo-a. De acordo com o The Irish Times, a equipe Calibra do Facebook criará 50 empregos na Irlanda até o final do ano.
Isso faz parte de um plano geral de continuar contratando centenas de cargos no Facebook no país. Uma pequena equipe da Calibra em Dublin já existe, mas os novos contratados terão várias funções.
TeleConsulta
A subsidiária de serviços financeiros Calibra (carteira digital), foi fundada no ano passado para desenvolver uma carteira para o sistema de pagamento Libra. A velocidade com que novas funções são preenchidas na equipe Calibra depende de uma aprovação regulatória adicional para o projeto Libra.
A chefe de operações da Calibra, Laura Morgan Walsh, disse que a empresa deseja continuar seu investimento na equipe de Dublin “durante este período de incerteza global.”
Estamos contratando ativamente especialistas em fraude, conformidade, gerenciamento da força de trabalho e atendimento ao cliente para expandir nossa equipe de operações que oferece suporte à carteira Calibra“, disse ela.
O chefe do Facebook na Irlanda, Gareth Lambe, reiterou que a Irlanda “desempenha um papel central” nas operações globais da empresa em geral.
Temos cerca de 60 equipes, incluindo engenheiros, especialistas em segurança e proteção, especialistas em políticas, pessoal de marketing e vendas, com várias equipes globais e regionais da Irlanda“, disse ele.
Notícias sobre a Libra

‘Sonhos selvagens de criptografia’

A notícia vem poucos dias depois que o Facebook disse que estava mudando seu plano original, e incluindo moedas como o dólar. Em vez de uma moeda única, a Libra assumirá a forma de um número de moedas digitais diferentes vinculadas às moedas físicas existentes.
O Facebook também descartou os planos de criar um ‘sistema sem permissão‘, onde nenhuma autoridade isolada poderia controlar a Libra, e disse que qualquer carteira que ingresse na rede agora deve ser examinada.
Conversando com o Financial Times, David Gerard, autor e historiador de moedas digitais, disse que a versão original da Libra nunca funcionaria porque era “aquela com sonhos selvagens de criptografia com dinheiro privado, livre de regulamentação.”
Isso nunca ia voar. O Facebook é uma empresa real e palpável. Você pode abusar das informações privadas das pessoas – mas os governos levam o dinheiro muito a sério. Eu posso ver a nova Libra funcionando como um processador de pagamentos regulamentado comum – PayPal, mas é o Facebook.”
FONTE: Silicon Republic adaptado por Libra Brasil.