quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Zuckerberg não confirma data de lançamento da Libra

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Falando em entrevista ao Nikkei na quinta-feira, Zuckerberg foi perguntado sobre a data prevista da chegada da stablecoin, à qual ele respondeu:
“Obviamente, queremos avançar em breve [e] não levaremos muitos anos para lançar”, disse ele. “Mas, no momento, estou realmente focado em garantir que façamos isso direito.”
Desde o lançamento do white paper da Libra em junho, os reguladores em todo o mundo têm sido estridentes em suas objeções ao projeto, dizendo que ele representa não apenas um risco para a estabilidade financeira e pode ser usado em crimes financeiros, mas também uma ameaça às moedas soberanas. Notavelmente, os legisladores nos EUA e na França pediram a suspensão do projeto.

Abordagem cautelosa

O projeto Libra parecia ter cumprido sua meta de 2020, com o diretor-gerente da Associação Libra e o COO Bertrand Perez dizendo em meados de setembro que “Estamos mantendo firmemente nosso cronograma de lançamento, entre o final do primeiro semestre do ano e o final de 2020. ”
Zuckerberg também disse que o Facebook está adotando uma abordagem mais cautelosa ao apresentar projetos como a Libra que são “muito sensíveis à sociedade”, permitindo um período de consulta e “trabalhando com as questões”.
“Essa é uma abordagem muito diferente da que poderíamos ter adotado cinco anos atrás”, disse ele.
O CoinDesk entrou em contato com a Libra Association, organização sem fins lucrativos criada para gerenciar e desenvolver a criptomoeda, para perguntar se seus planos haviam mudado em relação ao cronograma de lançamento.

Vantagens da Libra

Em notícias relacionadas, David Marcus, CEO da Calibra (a entidade que cria uma carteira digital para o projeto), defende a Libra como uma melhoria nos sistemas de pagamento tradicionais.
Em um post do Medium na quarta-feira, ele escreveu que a Libra seria um “divisor de águas” para o público, argumentando que “as ‘redes monetárias’ existentes estão fechadas e não estão bem interconectadas”.
Eles também estão desatualizados, disse ele, explicando:
“Alguns desses sistemas foram construídos nas décadas de 1960 e 70 e, apesar de terem recebido atualizações desde então, eles geralmente vivem em cima de uma infraestrutura herdada e fragmentada”.
A necessidade de intermediários nos métodos tradicionais de pagamento também “significa atrasos e custos adicionais a cada passo do caminho”, acrescentou Marcus.
A Libra, por outro lado, permitirá que o valor seja movido ao redor do mundo “quase em tempo real” e a “um custo incrivelmente baixo”.
Marcus estabeleceu ainda seu grande sonho para Libra, dizendo:
  “Assim como o SMTP permitiu que qualquer provedor de e-mail interoperasse com outros provedores de e-mail, a Libra pode ser o” protocolo “que permitirá a movimentação de dinheiro rápida, barata e estável entre provedores de serviços, instituições e pessoas em todo o mundo.”
Isso, ele alegou, reduziria os custos de operação dos sistemas de pagamentos, eliminando os intermediários e reduzindo a “complexidade operacional e as despesas gerais”. Também facilitaria o envio e recebimento de dinheiro e diminuiria a “barreira de acesso ao dinheiro digital moderno e serviços financeiros. ”
Fonte: CoinDesk

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Por que a França e a Alemanha temem a criptomoeda do Facebook?



Os planos do Facebook de lançar sua própria criptomoeda (chamada de Libra) no ano que vem estão recebendo resistência por parte da França e Alemanha, que prometeram bloqueá-la e pretendem criar suas próprias moedas virtuais nacionais.

Os dois países afirmaram que a Libra poderia ameaçar o valor do euro e privatizar ilegalmente o dinheiro. No ano passado, o Banco Central da Índia (RBI) anunciou a proibição do uso de criptomoedas por qualquer entidade financeira regulamentada por causa dos riscos.

"Meu palpite é que todas essas nações estão preocupadas com as possíveis implicações para a política monetária", disse David Furlonger, vice-presidente de pesquisa do Gartner. "E, quando há uma entidade privada que possui a quantidade de envolvimento potencial de clientes e, portanto, fluxos monetários em potencial, como o Facebook, então esses países estão preocupados com o impacto que isso possa ter sobre sua capacidade de implementar adequadamente políticas que sejam benéficas para a sua própria nação."

A China também trabalhou para limitar o bitcoin, primeiro restringindo as ofertas iniciais de moedas e depois os pools de mineração de bitcoin. O país também pode estar planejando a criação de sua própria moeda digital.

Em meio a uma guerra comercial em andamento com os EUA, a China também pode estar procurando criar uma maneira de usurpar o dólar como moeda comercial, de acordo com Felix Shipkevich, principal advogado da Shipkevich PLLC de Nova York. O chefe do novo Instituto de Pesquisa de Moeda Digital do Banco Popular da China (PBoC) quer que o banco central do país crie uma criptomoeda, que, segundo ele, daria estabilidade ao dinheiro fiduciário da China.

Em um blog, David Andolfatto, economista do Federal Reserve Bank de St. Louis, argumentou que as criptomoedas apoiadas pelo governo forneceriam maior transparência nas transações.

Alguns especialistas acreditam que, como o Facebook tem mais de dois bilhões de usuários, mesmo uma pequena porcentagem que compre uma média de 200 dólares de Libra poderia ter um enorme impacto nas economias de todo o mundo - e tornar a rede social um banco de reserva.

"Dadas as ambições deles, posso começar a me referir a eles como o Facebook Bank", declarou Clifford Rossi, professor de finanças da Escola de Negócios Robert H. Smith da Universidade de Maryland. A entrada do Facebook na arena bancária coloca pressão adicional sobre os bancos comerciais em um momento em que eles já estão lutando para aprender a competir contra as fintechs.

Em todo o mundo, o valor comercial derivado da blockchain deve aumentar de US$ 9 bilhões neste ano para US$ 50 bilhões em 2022, segundo o Gartner. O maior crescimento deve ocorrer no próximo ano, quando o Facebook planeja lançar a moeda Libra e a carteira digital Calibra. No entanto, o chefe de criptografia do Facebook, David Marcus, descartou a ideia de que a Libra poderia ameaçar "a soberania das nações".

Em uma série de tweets, Marcus explicou que a ideia da Libra é simplesmente ser uma melhor rede e sistema de pagamento para as moedas existentes, "oferecendo valor significativo aos consumidores em todo o mundo".

Como outros esforços para criar criptomoedas, o Facebook amarraria a Libra a uma moeda fiduciária, o dólar americano ou outra moeda nacional local, criando o que a indústria chama de "moeda estável". Apesar disso, alguns especialistas acreditam que a ameaça representada pelo projeto do Facebook vai além do banco comercial, passando pelos bancos centrais e de reserva.

Neste mês, o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, declarou que a Libra não deve operar na Europa, enquanto persistirem preocupações sobre a soberania e os riscos financeiros.

"Como já foi expresso durante a reunião dos Ministros das Finanças do G7 e dos Governadores do Banco Central em Chantilly, em julho, a França e a Alemanha consideram que o projeto Libra, conforme estabelecido no modelo do Facebook, falha em convencer que esses riscos serão tratados adequadamente. Acreditamos que nenhuma entidade privada pode reivindicar poder monetário, que é inerente à soberania das Nações", anunciaram Bruno Le Maire e seu colega alemão Olaf Scholz.

Na reunião do G7, o bloco da zona do euro de 19 países indicou que está unido na busca de uma abordagem regulatória rígida, caso a Libra busque autorizações para operar na Europa.

"Quando você pensa em quantos usuários do Facebook existem, percebe que, de certa forma, é uma nação digital", explicou Cindy Yang, parceira e líder de equipe do grupo da indústria de fintechs no escritório de advocacia Duane Morris LLP, com sede em Nova York. "Então, a ideia de que eles permitirão que as pessoas usem a Libra como moeda digital transacional dentro do sistema, e a ideia de que as pessoas possam colocar a moeda que desejarem - seja um euro ou um dólar americano - é preciso dinheiro fora de circulação. Portanto, isso tem pressão inflacionária."

"Quando você olha para as audiências do Comitê de Finanças da Câmara [em Libra], uma das principais perguntas que não foi respondida, surpreendentemente, foi o quanto o Facebook pensa, em média, que uma pessoa manteria uma moeda digital. Ele [David Marcus] não conseguiu nem responder a essa pergunta, o que parecia estranho, porque você acha que eles fizeram algumas previsões", acrescentou Yang.

Shipkevich acredita que a Libra do Facebook pode não apenas causar turbulência econômica, mas também permitir que a própria rede social se torne a autoridade bancária de um país em desenvolvimento, ou de um país em crise, como a Venezuela.

"Se você é o Facebook e mantém 10% da moeda local da Venezuela por meio da Libra, você se torna uma reserva quase federal para esse sistema", revelou Shipkevich. "Minha primeira reação a Libra foi: 'Você está brincando comigo?' Como estamos apenas 10 anos após a Grande Recessão global permitindo que uma única empresa possa controlar potencialmente os sistemas de reservas federais dos países em desenvolvimento?"

De fato, a rede social obteve forte apoio da indústria para a sua moeda digital. Formou a Associação Libra, com sede na Suíça, que atualmente possui 28 membros, incluindo Mastercard, Visa, eBay, PayPal, Uber e Lyft.

Dante Disparte, chefe de políticas e comunicações da Associação Libra, disse em comunicado que o grupo está "comprometido em trabalhar com as autoridades reguladoras para alcançar uma implementação segura, transparente e focada no consumidor do projeto Libra".

Projetos de moedas estáveis, como o Blockchain World Wire da IBM , têm como alvo países em desenvolvimento, onde os cidadãos têm poucas ou nenhuma opção para abrir uma conta bancária e são forçados a usar serviços caros para enviar dinheiro para a família se estiverem trabalhando fora de seu país de origem.

O aplicativo de carteira digital Calibra do Facebook está sendo desenvolvido para mostrar taxas de câmbio internacionais para a troca de moeda fiduciária, como o dólar americano em moeda digital Libra e vice-versa. Por ser baseado em blockchain, o Facebook está cortando o intermediário - um banco central ou uma câmara de compensação; isso elimina a maioria dos custos associados às transações financeiras hoje.

"As taxas de transação serão baratas e transparentes, especialmente se você estiver enviando dinheiro internacionalmente. A Calibra cortará taxas para ajudar as pessoas a economizar mais dinheiro", afirmou o Facebook.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Criptomoeda Libra terá lastro dividido em cinco moedas – mas sem a chinesa yuan



A composição percentual do Libra, projeto de criptomoeda do Facebook, foi divulgada na última sexta-feira pelo jornal alemão Der Spiegel. A reserva monetária do fundo do Libra será composta por dólar americano (50%), euro (18%), iene (14%), libra esterlina (11%) e dólar de Cingapura (7%). Portanto, a criptomoeda não terá lastro algum com o yuan, moeda oficial da China.
O Libra ainda enfrenta resistência por parte de reguladores, tanto nos EUA como na União Europeia, por conta de uma descrença na segurança e confiabilidade das criptomoedas. Em julho, um representante do Facebook discursou para o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara de Deputados dos EUA sobre o projeto. A estratégia usada para convencê-los foi afirmar, sem citar nomes, que “se os EUA não liderarem a inovação em moedas digitais e pagamentos, outros irão”.  Nas entrelinhas, a fala referiu-se à China. “Se falharmos em agir, poderemos em breve ver uma moeda digital controlada por outros, cujos valores são dramaticamente diferentes”, afirmou David Marcus, executivo do Facebook.
A expectativa é de que o fundo tenha aproximadamente US$ 1 bilhão, para garantir a estabilidade da moeda digital. Além do Facebook, o projeto tem como apoiadores Visa, Uber, Paypal, Mastercard e cerca de vinte outras empresas.
No contexto da disputa comercial e tecnológica entre EUA e China, o fato de o fundo não ter yuan na composição é mais um apelo para que o projeto seja bem visto pelos governantes norte-americanos. Recentemente, inclusive, o senador Mark Warner alertou contra a adição do yuan à cesta de moedas do Libra. A moeda chinesa vem se tornando cada vez mais uma moeda global, o que pode configurar a médio prazo uma ameaça ao dólar como moeda dominante em transações internacionais.
Além disso, a China está prestes a lançar sua própria moeda digital. Diferente do Libra, a iniciativa veio do Banco Central e as transações não serão criptografadas, de forma que o controle permanece com o governo chinês. Ainda que as propostas sejam diferentes, o timing dos projetos mostra que o entrave econômico está, mais do que nunca, inserido no âmbito virtual.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

IBM diz que está aberta para trabalhar com o Facebook na criptomoeda Libra

IBM diz que está aberta para trabalhar com o Facebook na criptomoeda Libra

A gigante tecnológica International Business Machines (IBM) está aberta para trabalhar com o Facebook em sua stablecoin Libra, infomou a CNBC em 23 de setembro.
O gerente geral de serviços blockchain da IBM, Jason Kelley, disse que a empresa está buscando incentivar a colaboração no espaço, observando que "blockchain é um esporte de equipe". Ele também destacou a abertura da empresa à ideia de colaborar com o Facebook:
"Nossos clientes estão prontos para trabalhar [com o Facebook] e estamos prontos para trabalhar com eles para o bem geral de todos".

Tokenização, não criptomoedas

A IBM criou sua própria blockchain, que a empresa alega permitir maior "transparência em tudo, do setor bancário ao gerenciamento da cadeia de suprimentos".
Kelly não disse se a empresa estava interessada em ingressar na Libra Association. Embora ele tenha reconhecido que a entrada do Facebook no setor ajuda a aumentar sua legitimidade.
Porém, ele se distanciou das criptomoedas, concentrando-se na tokenização, o que permite digitalizar qualquer ativo, incluindo moedas fiduciárias ou ações. Ele disse:
"Falamos sobre o Libra e as pessoas dizem que é apenas mais uma criptomoeda. [...] Deixe a cripto de lado e fale sobre tokenização, porque é disso de que estamos falando."
Como o Cointelegraph relatou nesta segunda-feira, o Facebook adquiriu a Servicefriend, startup baseada em IA de bots para chats, para atendimento ao cliente da Calibra, a carteira digital da criptomoeda Libra planejada do Facebook.

sábado, 21 de setembro de 2019

Afinal de contas, a Libra vai ser lançada?

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Oposição é forte na Europa e nos Estados Unidos

Atacada de todos os lados possíveis e imagináveis, especialistas cripto e de finanças de todo o mundo apontam as sérias dificuldades que a Libra ainda tem pela frente para poder ser lançada. O caminho não parece fácil, principalmente no que envolve os governos europeus.  No início de setembro, Yves Mersch, membro do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE), mostrou-se fortemente contrário ao lançamento da libra.
“A Libra pode reduzir o controle do BCE sobre o euro, prejudicar o mecanismo de transmissão da política monetária, afetando a posição de liquidez dos bancos da área do euro e minar o papel internacional da moeda única” – disse ele.
Em meados de setembro apontamos que também a França não via com bons olhos o futuro da Libra. Um exemplo disso é que Bruno Le Maire, Ministro das Finanças da França, é da opinião de que Libra afetará adversamente a soberania econômica dos países da União Europeia (UE).
Outra importante figura do cenário econômico europeu que se posicionou contra a Libra foi Mark Branson, chefe da Autoridade de Supervisão do Mercado Financeiro da Suíça (FINMA). Para ele:
“Um projeto dessa dimensão global pode ser abordado apenas por meio de coordenação e consulta internacional com outros supervisores e reguladores. É ilusório acreditar que um único país possa regular e supervisionar um projeto como a Libra por conta própria. A supervisão dos (grandes bancos suíços) UBS (UBSG.S) ou Credit Suisse (CSGN.S) também não ocorrem em isolamento completo.”
Nos Estados Unidos a situação não é muito diferente. A oposição à moeda é forte, com a maioria dos congressistas americanos pedindo que o projeto do Facebook seja investigado. O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steve Mnuchin disse que o projeto levanta preocupações significativas em relação à política monetária e ao financiamento internacional.
Ele se referiu às preocupações de facilitação do financiamento do terrorismo, lavagem de dinheiro e tráfico de seres humanos e drogas como uma questão de segurança nacional além de todos os escândalos de privacidade dos quais o Facebook fez parte. Você pode conferir a matéria completa em que abordamos esse tema clicando aqui.
Em julho desse ano, o congressista Brad Sherman chegou a comparar a Libra com os ataques de 11 de setembro.  Pelo que parece é bem difícil a agradar a todos, e a Libra certamente não parece avançar em uma direção positiva nesse sentido. Mas, mesmo não agradando, ela conseguirá ser lançada?

David Marcus: a “opinião” de quem entende da Libra

Polêmica desde o momento de sua concepção, a criptomoeda do Facebook não sai da cabeça, tantos dos órgãos reguladores, quanto dos cripto entusiastas que se dividem entre críticos e apoiadores da criptomoeda. Mas afinal de contas, a Libra vai realmente ser lançada? David Marcus, co-criador e executivo responsável pela Libra afirma que sim, mesmo em meio à toda turbulência que atinge a moeda do Facebook.
Antes de mais nada, é interessante ter em conta que Marcus não é qualquer pessoa dentro do universo das finanças e dos negócios. Ex-presidente do Paypal e da unidade Messenger do Facebook, David Marcus é a figura forte da Libra em 2019, além de ser sido nomeado para o Conselho de Administração da Coinbase. É improvável que uma alguém com esse perfil não passe confiança quando se junta à um projeto.
“O objetivo ainda é lançar a Libra no próximo ano. Até lá, precisaremos abordar todas as perguntas adequadamente e criar um ambiente regulatório adequado”, disse Marcus ao jornal suiço o jornal suíço NZZ.
Preocupados com o possível fracasso da Libra, muitos internautas questionaram David Marcus sobre os problemas enfrentados pela criptomoeda mesmo antes de ser lançada, além do embate enfrentado por ela relacionado ao bancos centrais. Marcus por sua vez fez uma sequência de tweets explicando pontos importantes sobre o tema e dando um posicionamento pessoal no final do argumento:
1 / Sobre a soberania monetária das Nações vs. Libra:

2 / Recentemente, tem havido muita conversa sobre como Libra poderia ameaçar a soberania das nações quando se trata de dinheiro. Eu queria aproveitar a oportunidade para desmascarar essa noção.

3 / A Libra foi projetada para ser uma melhor rede e sistema de pagamento, funcionando com base nas moedas existentes e oferecendo valor significativo aos consumidores em todo o mundo.

4 / A Libra será apoiada em 1: 1 por uma cesta de moedas fortes. Isso significa que, para que qualquer unidade da Libra exista, deve haver um valor equivalente em sua reserva.

5 / Como tal, não há criação de dinheiro novo, que permanecerá estritamente pertencente às nações soberanas.

6 / Acreditamos também que uma forte supervisão regulatória impeça que a Associação Libra se desvie de seu compromisso total de apoio em 1: 1.

7 / Continuaremos a nos envolver com bancos centrais, reguladores e legisladores para garantir que abordemos suas preocupações através do design e operações da Libra.

8 / Separadamente, estou ansioso para que a Associação Libra assuma a liderança total do projeto logo após a sua constituição ter sido ratificada, para que eu possa me concentrar na construção @calibra
Faltam poucos meses para o possível lançamento da Libra. Até lá, seguimos acompanhando os desdobramentos e decisões que majoritariamente afetam negativamente a moeda do Facebook.

*Imagem de: Gerd Altmann por Pixabay

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Facebook se reuniu com autoridades britânicas três vezes antes de anúncio da libra

Facebook se reuniu com o Ministério das Finanças do Reino Unido, o banco central e as autoridades reguladoras britânicas nas semanas antes de tornar públicos seus planos para a moeda digital libra, mostraram respostas às solicitações de liberdade de informação da Reuters.


21/06/2019 REUTERS/Dado Ruvic/Illustration/File Photo - RC1F4E46DBD0Foto: Reuters

Os detalhes das reuniões sugerem um esforço conjunto da maior rede social do mundo para tentar obter apoio para seus planos antes do anúncio da libra, em 18 de junho, uma criptomoeda que será apoiada pelas principais moedas e outros ativos.

Apesar disso, a libra atraiu uma resposta cética de reguladores e políticos na Europa e nos Estados Unidos, com preocupações centradas em seu potencial de prejudicar o sistema financeiro mundial, prejudicar a privacidade e promover a lavagem de dinheiro.

O Facebook se encontrou com um ministro júnior e funcionários encarregados de política de criptomoedas no Ministério das Finanças do Reino Unido em 23 de abril. Um dia depois, reuniu-se com a Autoridade de Conduta Financeira (FCA) para discutir a libra, de acordo com os horários divulgados pelo ministério das finanças e pelo órgão.

No mês seguinte, em 14 de maio, o Facebook se encontrou com funcionários do Ministério das Finanças, Banco da Inglaterra e FCA, mostraram as respostas dos pedidos da Reuters.

As autoridades fizeram cinco perguntas à empresa antes da reunião, redigidas em e-mails solicitados pela Reuters.

"O envolvimento com reguladores, legisladores e especialistas é fundamental para o sucesso da libra", disse uma porta-voz do Facebook. "Esse foi o motivo pelo qual o Facebook, juntamente com outros membros da Libra Association, compartilhou nossos planos mais cedo."

Um porta-voz do ministério das finanças do Reino Unido se recusou a comentar sobre a libra. O ministério quer que o Reino Unido aproveite os benefícios potenciais das criptomoedas enquanto mantém a transparência, as proteções e os padrões do mercado, disse ele.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Diretor de criptomoeda do Facebook diz que empresa "não age como hacker"

Empresa sofre pressão das autoridades financeiras europeias

"Não temos intenção de agir como hackers" afirma Bertrand Perez, diretor-geral da associação Libra, lançada pelo Facebook, em entrevista à AFP. Ele procura procura tranquilizar sobre o projeto de criptomoeda da gigante americana e afirma que todas as legislações serão respeitadas. Um dos objetivos evitar que a libra caia na volatilidade das demais criptomoedas.
Seu projeto desperta comentários e preocupações a nível político. Você entende essas preocupações?
Falam do risco para as moedas das economias mais frágeis. Mas a primeira coisa que um Estado faz quando quer evitar que sua moeda se debilite é implementar um controle cambial, e nada impede de implementar um bloqueio das plataformas de intercâmbio da libra, se isso parecer necessário. É importante recordar que a cadeia de blocos (blockchain) permite um nível de transparência importante sobre as transações. É uma tecnologia nova, é normal que os reguladores estejam vigilantes, essa é a razão pela qual anunciamos o projeto Libra um ano antes de seu lançamento. Estávamos conscientes de que era preciso trabalhar com os reguladores. Mas se, por exemplo, o Banco Central Europeu (BCE) nos recusar o direito de operar na Europa, aceitaremos. Não temos a intenção de agir como hackers, respeitamos a legislação.
Como estão suas negociações com diferentes reguladores?
Temos sede em Genebra, por isso começamos a falar com a Finma (autoridade suíça de vigilância de mercados financeiros), que nos identificou como um sistema de pagamento, não como um banco, ou outra coisa. Portanto, vamos poder iniciar os trâmites para uma solicitação de registro, integrando as normas necessárias para esse objetivo. Até agora, a maioria dos reguladores no mundo não levantaram o tema das criptomoedas, simplesmente porque o volume de transações não era significativo, por isso esperavam antes de se pronunciar. Mas agora nossos clientes são significativos o bastante para que as autoridades competentes decidam definir um marco (...). Além disso, queremos evitar que a libra caia na volatilidade das demais criptomoedas. Na medida em que se trata de uma forma de pagamento, por exemplo para compras online, devemos garantir aos usuários que não vão perder dinheiro se possuírem a libra. Vamos ligá-lo a uma cesta de cinco divisas (dólar americano, euro, iene, libra esterlina, dólar de Singapura) para garantir sua estabilidade (...).
À margem dos aspectos normativos, quais são as próximas etapas antes do lançamento efetivo?
Devemos antes de tudo finalizar nossa normativa de governança. É um tema no qual os 28 membros atuais trabalham (...). Em seguida, vem todo o aspecto técnico, com a implementação de nós de validação (das transações), em cada um de nossos membros, que foram selecionados para abrigar esses nós por sua grande capacidade de cálculo e por ter o costume de administrar os aspectos de segurança. Em seguida, terão que unir entre eles esses nós e, depois, virá a fase de testes de funcionalidade e de resultados. Nosso objetivo é que no lançamento, em meados de 2020, tenhamos a capacidade de tratar cerca de 1.000 transações por segundo, e depois superar essa cifra. 

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Facebook será sabatinado sobre moeda virtual Libra por 26 bancos centrais

Libra: UE teme que moeda ameace estabilidade financeira. Foto: DADO RUVIC / REUTERS

LONDRES E BANGALORE - Reguladores internacionais vão interrogar o Facebook na segunda-feira sobre seu projeto de moeda virtual, a Libra, em meio a crescentes temores de governos da União Europeia (UE) sobre a ameaça que a criptomoeda pode representar para a estabilidade financeira mundial, revelou neste domingo o Financial Times.

Autoridades de 26 bancos centrais, incluindo o Federal Reserve (o banco central americano) e o Banco da Inglaterra, vão se reunir com representantes do projeto da Libra em Basileia, na Suíça.

Alerta: 'Modelo de negócios de gigantes da tecnologia é perigoso', diz prêmio Nobel

Os criadores da criptomoeda do Facebook deverão responder a várias perguntas sobre a estrutura e o escopo do projeto.

Apelo: França defende bloqueio de criptomoeda do Facebook na Europa

Segundo o jornal britânico, Benoît Coeuré, representante do Banco Central Europeu que vai presidir a reunião, alertou que as exigências para a aprovação da Libra na União Europeia serão muito severas.

Aviso: Tesouro dos EUA alerta Facebook: Libra terá de combater lavagem de dinheiro

O executivo fez o comentário após uma reunião de ministros de finanças da UE em Helsinque, na Finlândia, onde os governos expressaram fortes temores sobre como Libra e outras criptomoedas poderiam desestabilizar o sistema financeiro e minar a soberania dos governos e bancos centrais.

Países como França e Alemanha já criticaram publicamente o projeto, afirmando que ele põe em risco a soberania dos países europeus.

Os responsáveis pelo projeto da moeda virtual disseram ao FT que priorizam "o envolvimento com reguladores e formuladores de políticas em todo o mundo", para "esclarecer investidores e partes interessadas e incorporar suas ponderações ao projeto".

Fonte: https://oglobo.globo.com/economia

domingo, 15 de setembro de 2019

Criptomoeda: o futuro chegou

Crédito:  MASAO GOTO FILHO / Ag. ISTO

Moradora de uma cidadezinha da região amazônica, Neusa começou a usar cartão de crédito quando era estudante do ensino médio. Adquiria produtos que chegavam até sua casa após uma jornada de barco que terminava no cais, onde retirava as mercadorias já pagas. Hoje, faz compras com criptomoedas. Seu uso não exige o intermédio de uma operadora de cartão de crédito. Com a criptomoeda, ela também envia um dinheirinho para o filho sem pagar taxas bancárias. O mais velho faz intercâmbio no exterior e troca a criptomoeda por moeda corrente. Neusa é cabeleireira, mas poderia ser advogada, balconista, médica, faxineira, executiva, funcionária pública. Recebe por seus serviços também com outro tipo de criptomoeda, que ganha espaço concorrendo com os meios de pagamento tradicionais. Por enquanto fictício, este cenário está para se materializar no Brasil e no resto mundo com a consolidação das moedas virtuais, que revolucionam a forma como nos relacionamos economicamente. É o que almejam desde executivos gigantes, como David Marcus, CEO do Libra, a moeda virtual do Facebook, até empreendedores digitais, como o brasileiro Pedro Alexandre, CEO da Wiboo e criador do Wibx, moeda nacional direcionada ao varejo.
As criptomoedas ficaram famosas com o Bitcoin, que teve uma valorização meteórica em 2017 — quando sua cotação passou de US$ 960 para US$ 20 mil. Depois de cair, voltou a se valorizar este ano, e atualmente está cotado em cerca de US$ 10 mil. Essa moeda começou de forma experimental e hoje é negociada em todo o mundo com um valor de mercado de US$ 180 bilhões. No Brasil, a incorporadora Tecnisa foi uma das pioneiras em trabalhar com ela, aceitando-a nas negociações de imóveis. Segundo a empresa, foi a primeira construtora listada em bolsa do mundo a aceitar a criptomoeda. Essa trajetória fez vários investidores se familiarizarem com as novas moedas, cuja compra e venda é realizada principalmente nas chamadas exchanges (corretoras). Mas agora, com as chamadas criptomoedas de segunda geração, as funções se ampliaram. É o caso do Wibx, que representa três modelos de negócio: é um criptoativo, uma moeda para o varejo e um meio de fidelização. Essas novas funções estão fortalecendo e ampliando o mercado, diz Fabrício Tota, diretor de OTC em grandes clientes no Mercado Bitcoin, umas das maiores corretoras do País, que negocia as principais moedas como Bitcoin, Litecoin e Ethereum. Só essa exchange tem 1,6 milhão de clientes cadastrados, contra 1,2 milhão no final do ano passado. O volume negociado em 2019 já alcança R$ 3,5 bilhões. “O mercado está crescendo de forma sustentada. É uma cadeia, não uma explosão. A alta ocorre até num momento de maior estabilidade, como vivemos agora, com volatilidade pequena”, diz.
No caso do Wibex, o objetivo é entregar valorização, recompensa ao usuário (como os programas de fidelidade) e promover a descentralização da publicidade (como fazem as redes sociais, por meio do engajamento). Assim que houver a possibilidade de conversão (a troca da criptomoeda por dinheiro), ela estará apta para ser aceita também no varejo. “O celular se tornou a ferramenta mais poderosa do planeta. Com ele, as pessoas vão se tornar seus próprios bancos”, diz Alexandre. Diferente de outras criptomoedas mais antigas, como o Bitcoin, que funciona como um ativo de investimento, mas não possui penetração no varejo, a nova moeda virtual brasileira quer ser uma parceira das empresas de meios de pagamento (as maquininhas). “Seremos um integrador com outras plataformas, o que deve incluir também serviços de streaming, telefonia móvel em um modelo ponto-a-ponto”, diz Alexandre. “O Wibx beneficia o varejista porque estimula que as pessoas usem para comprar. Fomenta a economia real”, diz Guga Stocco, co-fundador da Domo Invest e um dos conselheiros da Wiboo.

POPULARIZAÇÃO Sucesso das criptomoedas levou o comércio a adotar a novidade. No Brasil, o Wibx será parceiro da Cielo (Crédito:Weedezign)
Quem deseja usar o Wibx só precisará baixar o aplicativo por celular. A Wiboo colocou 12 bilhões de tokens na corretora ao valor inicial de 4 centavos de dólar cada (16 centavos de real). Para apoiar o negócio, algumas iniciativas de impacto estão em curso. A Cielo, uma das principais plataformas de meios de pagamento do Brasil, será parceira. O Wibx também vair ser empregado para aquisição de produtos licenciados nos Jogos Pan-Americanos Masters, no Rio de Janeiro, em setembro do ano que vem. A expectativa é que 15 mil atletas amadores participem do evento. Uma das primeiras ações da empresa foi fechar uma parceria com a Associação Nacional de Restaurantes, oferecendo integração com as grandes redes.
No mundo, as iniciativas se multiplicam e atraem as novas gerações. “Vamos chegar onde as moedas correntes não chegam”, afirma Fernando Barrueco, diretor jurídico da Bolsa de Moedas Virtuais Empresariais de São Paulo (Bomesp), que defende o potencial desse novo ecossistema. Graças à rastreabilidade, as criptomoedas podem reduzir custos. É o caso de cinco grandes indústrias farmacêuticas brasileiras, que gastam até R$ 230 milhões ao ano com a distribuição de 200 mil amostras grátis de remédios — cerca de 5% do faturamento. Com a adoção das moedas, esses laboratórios vão distribuir “cupons” virtuais aos médicos, que os repassarão aos pacientes. Ao serem retirados nas redes de farmácias, a indústria saberá quem e como seus produtos são usados, já que os médicos não têm a obrigação de prestar relatórios aos fabricantes.
Divulgação
As corretoras tradicionais buscam seu espaço nesse imenso campo de possibilidades. A B&T Câmbio criou a Z.ro Bank para liquidação de moedas virtuais. Eles pretendem ser o elo final de uma cadeia que vai da grande marca ao motorista de aplicativo. “As plataformas [de pagamento] ainda não estão preparadas”, afirma o CEO Edísio Pereira Neto. A empresa pretende dar rapidez às operações de conversão, que vão demorar segundos, permitindo que o dinheiro de verdade caia na conta em poucas horas. Hoje, a demora é um dos problemas de algumas corretoras, o que provoca desistências de consumidores e empresas.
O negócio do dinheiro virtual poderá movimentará centenas de bilhões de dólares nos próximos anos. Só nos EUA há mais de 1 bilhão de dólares reservados por empresas americanas que buscam investimentos de risco em criptomoedas. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, até 2027 10% do PIB global será armazenado na forma de criptoativos. Essa nova economia foi sacudida este ano com a notícia de que o Facebook iria lançar sua própria moeda, o Libra, em 2020. Com uma base de 2,3 bilhões de usuários, a rede social tem o potencial de mudar a dinâmica de como o mercado funciona. Lastreado no dólar, euro, iene, libra esterlina e dólar de Cingapura, o Libra chamou a atenção dos Bancos Centrais do mundo inteiro. O temor é que possa desestabilizar moedas internacionais. Como o Libra é registrado na Suíça, o governo americano pressiona o CEO David Marcus, temendo manipulações chinesas com o yuan. O Facebook, por seu lado, disse que vai colaborar com as autoridades. “Ainda há muitas perguntas a serem respondidas e preocupações a serem abordadas, mas, mesmo assim, avançamos”, diz Marcus.
Enquanto a moeda do Facebook não se concretiza — o plano inicial era ser lançada em junho do próximo ano —, autoridades se debruçam sobre formas de driblar os riscos de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, por exemplo. No Brasil, por determinação da Receita Federal, operações com criptomoedas passaram a ser informadas a partir de agosto. Já as operações realizadas em corretoras no exterior e as feitas entre as próprias pessoas físicas ou jurídicas sem intermédio de corretoras precisam ser reportadas pelos usuários. O imposto é sobre operações, indo de 15% a 22% sobre o lucro na venda, a partir de R$ 35 mil ao mês. O Banco Central já determinou que o dinheiro virtual é uma commoditie digital passível de entrar em balanços, deixando o mercado se desenvolver – o que contraria nossa lógica histórica de intervencionismo. “Estamos no início, mas as perspectivas são de valorização. Há muito potencial e o governo se mostra aberto”, diz Safiri Felix, diretor-executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto). Ou seja, acostume-se com as moedas digitais: muito em breve, você ainda vai ter uma.